quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Viagem pela História XII - México






A última parada

Reportagem completa série de 12 trabalhos sobre a América Latina
Eumano Silva e Silvia Pavesi
Especial para o Correio


Esta reportagem sobre o México encerra a série Viagem pela História publicada pelo Correio desde julho de 2007. Durante um ano, os autores percorreram 14 países da América Latina em ônibus, trens, barcos, triciclos e longas caminhadas. Sem pegar avião, atravessaram todas as fronteiras de Brasília a Tijuana, quase nos Estados Unidos.

A série demonstrou como o turismo pode ser usado para se conhecer a memória preservada de um continente. Das doze reportagens, oito mereceram capa do caderno Turismo.

Mais de cinquenta páginas estamparam cerca de cem fotografias. Juntas, formam um extenso painel do passado e do presente. O texto jornalístico relatou os episódios mais significativos da América Latina em cerca de 3.000 anos de história. Mostrou as diferentes etapas da ocupação do continente, os povos da antiguidade, a chegada dos europeus, a colonização, a independência dos países, os ciclos de desenvolvimento e as guerras civis.

Os autores estiveram em sítios arqueológicos, museus, comunidades indígenas, cidades coloniais e centenas de lugares onde a memória se mantém viva. Entrevistaram profissionais e estudiosos de história, antropologia, arqueologia, arquitetura, descendentes de antigas tribos nativas, professores, diretores de museus, um prefeito, ex-guerrilheiros, policiais e turistas.

Apresentaram as misteriosas tumbas e estátuas de Tierradentro e San Agustin, na Colômbia deixadas por uma sociedade sobre a qual nada se sabe, extinta há mais de mil anos. Contaram também como vivem no litoral do Panamá os índios Kuna, descendentes dos nativos que assistiram à passagem dos primeiros europeus pelo Caribe.

Fizeram ainda uma prolongada pesquisa sobre incas, maias e astecas, as três maiores civilizações surgidas na América Latina antes da chegada dos europeus no final do século 15.

Conheceram as impressionantes ruínas de Machu Picchu, no Peru, Tikal, na Guatemala, Copán, em Honduras, Palenque, Chichen Itza e Teotihuacan, no México. Frequentaram feiras, mercados e praças para conviver como povo.

Na Bolívia, resgataram as relíquias da Chiquitania, onde os índios preservam igrejas, instrumentos musicais e tradições dos tempos em que a Companhia de Jesus participou da colonização da América do Sul. No mesmo país, estiveram em La Higuera, pequeno povoado andino onde Che Guevara foi executado.

Na Nicarágua, as lendas e os heróis cultuados pela população recordam o passado de revoluções e invasões estrangeiras. Na fronteira com a Bolívia, um pedaço do Brasil foi do Paraguai. Em El Salvador, a população tenta reerguer a cidade de Suchitoto quase vinte anos depois da guerra civil.

Trecho final
Os jornalistas percorreram o último trecho da longa viagem em 24 horas. Saíram de Chihuahua num fim de tarde e chegaram a Tijuana no início da noite do dia seguinte. Pela janela do ônibus, o sol se pôs duas vezes. O deserto do norte mexicano lembrava cenários de filmes faroeste. A estrada asfaltada subiu e desceu montanhas áridas, alguns trechos com bosques de cactos e arbustos de folhas pequenas, como no nordeste brasileiro.

No meio do caminho, do lado direito da estrada, apareceu uma cerca, logo depois transformada em muro baixo. A obra acompanhou exatamente a linha de fronteira do México com os Estados Unidos. Em Tijuana, ficou ainda maior. Virou uma sólida barreira de uns três metros de altura.

Os Estados Unidos construíram o muro para tentar impedir a entrada de latino-americanos. Antes mesmo de ser concluída, a obra entrou para a história como uma das grandes aberrações da América Latina.

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